Tomografia Computadorizada de tórax detecta infecção por COVID-19 em 93% dos pacientes com falso-negativo pelo teste de DNA. Descoberta contribui para agilidade e aumento do número de casos diagnosticados

TC de um homem de 29 anos com o novo coronavírus mostrando opacidades difusas em vidro fosco confluentes e irregulares bilaterais e opacidades consolidadas (esquerda). Uma visão ampliada dos lobos médio e inferior direito mostra uma distribuição periférica impressionante (direita). Imagem/RSNA.

 

Em estudo publicado, nesta quarta-feira (12) na RSNA pesquisadores da China relatam que a TC do tórax foi capaz de detectar COVID-19 (nova nomenclatura do vírus), a doença causada pelo novo coronavírus (2019-nCoV),  mesmo em casos com testes de DNA iniciais negativos. Com esta descoberta a TC contribui a detecção precoce e aumento de diagnósticos positivos. O reconhecimento precoce da doença é importante não apenas para a implementação imediata do tratamento, mas também para o isolamento do paciente e vigilância.

O grupo, liderado por Xingzhi Xie, da Universidade Central do Sul, na província de Hunan, examinou os dados de 167 pacientes suspeitos de ter COVID-19 que foram submetidos a um exame de tomografia computadorizada e testes de DNA. Dois radiologistas torácicos revisaram as tomografias computadorizadas e identificaram achados típicos de imagem , como opacidades em vidro fosco, consolidação pulmonar ou ambas para todos os casos. Os médicos também realizaram análises de DNA das amostras de swab na boca dos pacientes usando a reação em cadeia da polimerase com transcrição reversa (RT-PCR).

Depois de examinar os dados, os pesquisadores descobriram que a combinação de análises de TC e DNA foi capaz de confirmar o diagnóstico de COVID-19 na grande maioria dos pacientes (93%). No entanto, em cinco dos pacientes (3%), as tomografias indicaram COVID-19, apesar de a doença ter sido apenas fracamente positiva na análise inicial de DNA para um caso, e totalmente descartada, para os outros casos.

Em diversos casos, os testes de DNA revelaram-se negativos para 2019-nCoV, contradizendo o histórico de contato dos pacientes com indivíduos infectados e o aparecimento de sinais comuns sugestivos de COVID-19 em suas tomografias.

As imagens demonstram o caso de dois homens, um de 29 anos e outro de 60, em que o teste de DNA inicial foi negativo para 2019-nCoV, assim como, o teste de DNA de acompanhamento realizado alguns dias depois. A tomografia computadorizada mostrou opacidade multifocal em vidro fosco e consolidação parenquimatosa envolvendo as regiões subpleurais de ambos os pulmões. Os pacientes não foram internados no hospital para tratamento isolado até que um terceiro teste de DNA baseado em uma amostra coletada oito dias após a apresentação inicial se mostrou positivo para o vírus.

Os critérios de diagnóstico atuais consideram a análise de DNA um método de  avaliação padrão para o diagnóstico do COVID-19, mas os resultados do estudo mostram que os testes de DNA ocasionalmente produzem falsos negativos, observaram os autores. O suprimento limitado e a natureza demorada dos testes de DNA, juntamente com sua suscetibilidade a falsos negativos, enfatizam a necessidade de uma triagem aprimorada para a detecção precoce do COVID-19 – uma barreira que a TC pode ajudar a resolver.

Logo após essa mudança na sua abordagem diagnóstica, a Comissão Nacional de Saúde da China, informou que o número de novos casos confirmados havia atingido um máximo histórico de 14.480 em 12 de fevereiro – um aumento considerável em relação a média diária de aproximadamente 2.000 casos, de acordo com artigo publicado em 12 de fevereiro pela Reuters. O uso do primeiro método baseado em laboratório para diagnosticar o COVID-19 resultaria na confirmação de apenas 1.508 novos casos durante o mesmo período. Em uma atualização recente, o artigo observou que a contagem do total de casos confirmados é de aproximadamente de 15.152.

As autoridades chinesas também informaram que 242 pessoas na província de Hubei morreram do COVID-19 na quarta-feira, o maior aumento diário de mortes na região desde o início do surto. Quase 60.000 pessoas foram infectadas, com 1.367 mortes somente na China.

Atualmente, cientistas chineses estão testando a eficácia de dois medicamentos antivirais, embora chefes da Organização Mundial da Saúde (OMS) tenham alertado que uma vacina pode levar 18 meses para ser adquirida.

 

TC de tórax de um homem de 60 anos com COVID-19 mostra opacidades multifocais em vidro fosco e consolidação mista na área periférica de ambos os pulmões. Os testes de DNA retornaram negativos para 2019-nCoV até os oito dias após a apresentação. Imagem/RSNA.