As soluções, além de brutais, seriam, e eram, consideradas precárias pela medicina atual
Se atualmente a suspeita de uma simples fratura pode ser confirmada, ou descartada, por um rápido procedimento de exame de raios – x, um procedimento indolor, e relativamente barato, nem sempre era assim. Há dois séculos, por exemplo, antes da descoberta do potencial da radiação para exibir imagens ‘internas’ do corpo humano, médicos lançavam mão de técnicas ‘primitivas’ para tentar descobrir o que estava acontecendo dentro do corpo humano machucado ou doente. Os doutores da medicina, utilizavam basicamente duas técnicas, que hoje seriam consideradas no mínimo agressivas e precárias.
O primeiro método seria o tato, quando os médicos literalmente apalpavam as áreas do corpo que eram motivo de queixa dos pacientes como forma de tentar identificar alguma anomalia e, posteriormente, tratá-la. No entanto, a técnica nem sempre era eficaz, já que a precisão, tanto do local como do problema, era inexistente. Já a segunda, que era muito utilizada em casos de fraturas e contusões, consistia no manuseio do bisturi para realizar cortes na pele e nos tecidos. E nesses casos, na grande maioria das vezes, os médicos usavam de incisões para conseguir acessar o local suspeito e, sem anestesia, deixava o corpo de quem se submetia ao procedimento exposto por muito tempo. Se não fosse assim, o paciente corria sério risco de morrer sem saber o motivo do problema de saúde.
A situação só começou a mudar em 8 de novembro de 1895, quando o físico alemão Wilhelm Conrad Roentgen percebeu que os feixes de luz, resultados do choque entre elétrons desacelerados e matérias de grande número atômico, deixavam marcas em filmes fotográficos.
Diante da percepção e, sobretudo, com o intuito de buscar técnicas no campo da saúde que garantissem o bem estar dos pacientes, em 22 de dezembro de 1895, Roentgen pôs a mão esquerda de sua esposa Anna Bertha Roentgen no chassi, com filme fotográfico, fazendo incidir a radiação oriunda do tubo por cerca de 20 minutos. Revelado o filme, lá estavam, para confirmação de suas observações, a figura da mão de sua esposa e seus ossos dentro das partes moles menos densas.
Apesar de ser um ‘lugar comum’ para muitos profissionais das Técnicas Radiológicas, a descoberta, que causou uma grande revolução na medicina e fez com que o cientista ganhasse o primeiro prêmio Nobel de Física da história, em 1901, mudou drasticamente a realidade dos pacientes. Hoje, os aparelhos de raios-x são indispensáveis para diagnosticar, monitorar e tratar doenças e ferimentos, e o bisturi pode ser usado apenas quando estritamente necessário, e acompanhado pela anestesia – coisa impensável há 200 anos. Os pacientes agradecem.