Deputado Emídio de Souza (PT) diz que será fechado, mas Secretaria da Saúde e Instituto do Câncer, negam
Em dezembro de 2019, em umas das fiscalizações realizadas no Instituto do Câncer de São Paulo (Icesp), unidade de Osasco – enquanto um de nossos fiscais aguardava na recepção – tivemos conhecimento de que o setor de Radioterapia, deste importante oncocentro, estava ameaçado de ser fechado pelo Governo do Estado.
Preocupados com o resultado que tal ação acarretará aos pacientes que realizam tratamentos oncológicos na unidade e com futuro empregatício dos profissionais das técnicas radiológicas que atuam na radioterapia do Icesp resolvemos buscar informações para entender todo o contexto.
“Há anos, realizo fiscalização nesta unidade do Icesp, e por presenciar o excelente atendimento que dedicam aos pacientes de Osasco e região, fiquei muito preocupada com a dificuldade que os pacientes teriam com o deslocamento para tratamento em São Paulo. Por diversas vezes, me emocionei com a ‘celebração do sino’ – que é tocado quando o paciente termina o tratamento”, desabafa a fiscal do Conselho Regional dos Técnicos em Radiologia de São Paulo (CRTR-SP), Ana Paula Oliveira.
Inaugurada em 2014, a unidade ambulatorial do Icesp localizada em Osasco, é integrada à rede de oncologia do Estado, e foi implantada para oferecer atendimento médico em oncologia clínica, quimioterapia e radioterapia aos residentes da ‘Rota dos Bandeirantes’, que abrange os municípios de Barueri, Carapicuíba, Itapevi, Jandira, Osasco Pirapora do Bom Jesus e Santana do Parnaíba).
Mesmo a unidade dispondo de equipe multiprofissional composta por psicólogos, farmacêuticos, nutricionistas e assistentes sociais, somente em agosto de 2015 – um ano após a sua inauguração e com a doação de um equipamento de 1988 do Hospital das Clínicas de São Paulo (HCFMUSP) – é que o setor de radioterapia deu início as atividades de tratamento radioterápicos, beneficiando assim, milhares de pacientes, que com uma unidade mais próxima, evitariam o deslocamento frequente à capital paulista para o devido tratamento.
Nesta busca, nos deparamos com matérias, publicadas em outubro de 2019, sobre o pedido de esclarecimentos que o deputado estadual e ex-prefeito de Osasco, Emídio de Souza (PT), enviou ao Governo do Estado, através do requerimento 670/2019, exigindo um posicionamento do governo em relação a atual situação da unidade Icesp – Osasco.
“Em pleno Outubro Rosa, temos recebido inúmeros questionamentos da população sobre os serviços de combate ao câncer no estado de São Paulo. Preocupado com o tema, enviei um requerimento de informação à direção do órgão, questionando a situação dos atendimentos na instituição. Sou defensor de mais recursos para a saúde e temo que esse desmonte possa prejudicar a população da região.” Afirmou, na ocasião, o parlamentar ao Jornal Fênix e WB Diário, periódicos da região.
No início de fevereiro de 2020, o tema voltou à tona nas mídias digitais. O Deputado Emídio de Souza publicou um artigo de opinião no Visão Oeste, em que demonstra a sua insatisfação em relação à resposta oficial (ICESP/DIREX/OFICIO_070/2019) enviada à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) pelo Instituto do Câncer.
“Na resposta oficial que encaminhou à Assembleia, o Estado não fala em ‘suspensão’ do atendimento. Eles frisam muito bem que o serviço não terá continuidade. Assim que comecei a denunciar o desmonte do Icesp Osasco, o Governo de São Paulo correu para anunciar à imprensa que o serviço seria interrompido ‘apenas’ por seis meses. Mas não é isso que eles colocaram no documento” declara Emídio. Para o Deputado, “a falta de transparência desses dados coloca em xeque o funcionamento do Icesp de Osasco e quais os reais planos do governador para a unidade”, conclui em seu artigo.
Diante deste questionamento, o CRTR-SP manteve contato com a Secretária da Saúde e o Instituto do Câncer para melhor entendimento do caso.
Em entrevista telefônica, realizada na última sexta-feira (14), a assessoria de imprensa do Icesp, declarou ao CRTR-SP, que o fim do parque radioterápico da unidade de Osasco não procede e, ratificando as informações do Ofício encaminhado à Alesp, declarou que o equipamento utilizado no setor de radioterapia está obsoleto e garantiu que a DESATIVAÇÃO dos serviços, será temporária pelo período de seis meses, e que não causará nenhum prejuízo aos pacientes e profissionais da unidade.
“Os pacientes, serão transferidos para o centro de atendimento de São Paulo, para continuidade do tratamento, devendo retornar ao Icesp de Osasco, ao término das obras. E quanto aos profissionais que atuam no setor, serão realocados para São Paulo também.”
Em nota enviada no dia 17 de fevereiro, a Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, também, informou que a assistência e o tratamento radioterápico dos pacientes da região da Rota dos Bandeirantes estão garantidos e, inclusive, o serviço será aprimorado com a instalação de um equipamento novo e mais moderno, cedido pela Secretaria de Estado da Saúde para a unidade de Osasco.
Segundo, a secretaria da Saúde. “a substituição do acelerador linear é necessária porque a empresa técnica responsável pela manutenção do equipamento decretou que ele está obsoleto e, portanto, não estaria mais apto a atender os pacientes com a qualidade preconizada pelo Instituto do Câncer”.
Um plano de ação foi definido entre a Secretaria da Saúde, HCFMUSP e Icesp, para que o atendimento continue sem interrupções. Até abril, o atendimento de radioterapia, ocorrerá normalmente na Unidade de Osasco e, a partir de maio, os pacientes em tratamento serão remanejados para a unidade Icesp da capital, garantindo assim, o tratamento, sem qualquer interrupção ou prejuízo.
Com este remanejamento, serão iniciadas as obras de instalação do novo equipamento e também, os ajustes estruturais necessários para atender normas da CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear), considerando o perfil do novo acelerador linear. Com o final das obras, previsto para novembro, os pacientes voltarão a ser atendidos normalmente em Osasco.
Durante as obras, o ICESP de Osasco permanecerá prestando, normalmente, os serviços de quimioterapia, consultas médicas em oncologia clínica, consultas em enfermagem, orientação nutricional, assistência psicológica, orientação de assistente social, assistência e orientação farmacêutica e coleta de sangue para análises clínicas, na Divisão de Laboratório Central do Instituto.
Devido a importância deste tema e como órgão fiscalizador das técnicas radiológicas, o CRTR-SP, continuará acompanhando o desfecho desta história, e a cada nova e relevante informação, a sociedade e os profissionais serão informados através das nossas mídias sociais.