Baseados em exames de tomografia computadorizada, pesquisadores descobriram mais detalhes sobre como Seqenenre-Taa-II, o Bravo, foi assassinado enquanto lutava para libertar o Egito

Imagens tridimensionais de TC da cabeça de Seqenenre (Fotos – Divulgação Frontiers in Medicini)

Um estudo publicado, nesta quarta-feira (17) no periódico Frontiers in Medicine, traz revelações importantes para solucionar um mistério arqueológico que existe há mais de um século: como morreu o faraó egípcio Seqenenre Taa II, o Bravo? Desde que a sua múmia foi descoberta, na década de 1880, sabe-se que o líder faleceu de morte violenta em uma batalha contra invasores. Ele liderou brevemente o sul do Egito durante a ocupação da dinastia Hyskos, que governou o norte do país entre 1650 e 1550 a.C..

Na década de 1960, a múmia do faraó foi submetida a exames de raios-X que indicaram apenas ferimentos na cabeça. Sendo pesquisada novamente, em 2020, mas desta vez, utilizando imagens de tomografia computadorizada, os autores da pesquisa oferecem uma nova interpretação sobre os eventos ocorridos antes e depois da morte de Seqenenre Taa, que sugere que ele foi capturado em combate com as suas mãos atadas atrás de suas costas, de modo que ele não pode se defender. “Isso sugere que Seqenenre realmente estava na linha de frente com seus soldados, arriscando sua vida para liberar o Egito”, comenta a líder do estudo, Sahar Saleem, professora de radiologia na Universidade do Cairo.

Este estudo do corpo mumificado de Seqenenre-Taa-II ajudou a desenvolver uma melhor compreensão das circunstâncias de sua morte. As imagens reconstruídas da TC permitiram uma análise detalhada dos ferimentos craniofaciais do faraó, contribuindo para combinar os ferimentos com as armas usadas e sugerir um possível cenário do ataque.


Imagem de TC tridimensional da cabeça de Seqenenre em projeção oblíqua esquerda mostra um corte oblíquo do zigoma esquerdo, fratura do processo coronoide esquerdo da mandíbula. (Imagem: Divulgação Frontiers in Medicini)

Constatou-se que provavelmente ele foi morto por várias pessoas, o que foi confirmado analisando cinco tipos de armas usadas pelos Hyksos que se encaixavam nos machucados do rei. “Em uma execução normal de um prisioneiro amarrado, pode-se presumir que apenas um agressor ataca, possivelmente de ângulos diferentes, mas não com armas diferentes”, explica Saleem. “A morte de Seqenenre foi, antes, uma execução cerimonial.”
A técnica utilizada na pesquisa emprega tecnologias de imagem para investigar, de forma não invasiva, resquícios arqueológicos, incluindo corpos. É possível determinar a idade no momento da morte, sexo e até mesmo como a pessoa faleceu. De acordo com o estudo, os pesquisadores concluíram que Seqenenre Taa II tinha em torno de quarenta anos quando morreu. Em seu processo de mumificação, foi usado um método sofisticado para esconder as feridas na cabeça: um material de embalsamamento semelhante aos preenchedores usados nas cirurgias plásticas atualmente.
Estudos como este corroboram para o quão importante são os exames de imagem, que não só ajudam a curar vidas, mas também, solucionam mistérios da história e da arqueologia.


A professora Dra. Sahar Saleem com a múmia do faraó na máquina de tomografia (Foto: Sahar Saleem)

Imagem da múmia Seqenenre-Taa-II. (A) Imagem da cabeça e parte superior do tronco da múmia Seqenenre-Taa-II mostra múltiplas lesões craniofaciais graves. (B) Imagem da vista lateral direita da cabeça e tronco superior mostra os membros superiores deformados com as mãos flexionadas nos punhos e dedos espásticos. (Imagem Divulgação – Frontiers in Medicin)

Fonte: Revista Galileu Galilei e Frontiers in Medicini